
🔲 Instituições ainda gostam bastante de ETH, não só de Ethereum
28 Apr 2025
Ok, ok. Talvez "bastante" seja um exagero. Então, vamos assim: institucionais de menor porte curtem ETH como ativo de risco para buscar retornos. Melhorou....
Apesar de se mostrar como infraestrutura preferida de inúmeras iniciativas de tokenização, Ethereum (ETH) não achou a mesma tração que o Bitcoin (BTC) nos ETFs.
Nos dados da Farside Investors, enquanto os fundos negociados em bolsa ligados ao ETH mostraram US$ 2,4 bilhões em fluxo no dia 25 de abril, os mesmos fundos ligados ao BTC mostraram US$ 38,4 blhões .
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É uma diferença de 16 vezes. Pois é.
Além disso, na semana do dia 21 ao dia 25 de abril, os produtos de cripto negociados em bolsa atingiram o terceiro maior fluxo semanal de aportes.
Investidores paçocaram US$ 3,4 bilhões em fundos cripto, mas só US$ 183 milhões foram em fundos ligados ao Ethereum, nos dados da CoinShares . Isso é pouco mais de 5% do todo.
E aí você olhou o título, tá olhando o texto agora, e tá pensando: “Pelica, você é esquizofrênico?”.
Nunca fui diagnosticado, também não tenho suspeita, então a resposta curta é NÃO.
Apesar dos números listados acima, o Ethereum tem o seu apelo institucional. Suba na motoca, eu te explico.
Grande Chiquinho, o Garfield do Rio de Janeiro.
Preferido dos gigantes
Um relatório da Bitwise apontou que os ETFs spot de Bitcoin negociados nos Estados Unidos tinham aproximadamente US$ 98 bilhões em ativos sob gestão (AUM, na sigla em inglês) em 31 de dezembro de 2024.
Fluxo de capital e ativos sob gestão dos ETFs spot de Bitcoin negociados nos Estados Unidos (valores de 31 de março). Imagem: Bitwise.
Desse total, cerca de 37% era mantido por fundos de hedge e 33% era mantido por gestores de investimento (RIA, na sigla em inglês). Esses percentuais representam valores absolutos de US$ 36,2 bilhões e US$ 32,3 bilhões, respectivamente.
Em contrapartida, family offices e trustes detinham 0,13%, o que dá quase US$ 130 milhões.
À esquerda, investidores institucionais que investem em Bitcoin através de ETFs e suas exposições em percentual. À direita, os investidores institucionais com maior exposição ao BTC através de ETFs. Imagem: Bitwise.
Com esses dados que eu citei, somados à imagem acima, não é loucura concluir que o Bitcoin atrai investidores institucionais tradicionalmente “pesados”. Ou seja: é muita, muita grana.
Nesse mesmo relatório da Bitwise, porém, teve algo que me chamou a atenção.
Believe in something
Enquanto os ETFs spot de Bitcoin negociados nos EUA fecharam o ano passado com praticamente US$ 100 bilhões em ativos sob gestão, os fundos de Ethereum registraram algo muito diferente.
Foram quase US$ 7 bilhões no fechamento do ano, coisa de 14 vezes menos do que o BTC.
Fluxo de capital e ativos sob gestão dos ETFs spot de Ethereum negociados nos Estados Unidos (valores de 31 de março). Imagem: Bitwise.
Aqui, porém, tem uma diferença: os family offices possuem uma exposição percentual quase cinco vezes maior em ETH do que ao Bitcoin, com 0,62% de participação no AUM total dos fundos spot de Ethereum.
Tudo bem, nos números absolutos isso dá uns US$ 43 milhões, praticamente três vezes menos do que a exposição ao Bitcoin desses mesmos investidores institucionais.
À esquerda, investidores institucionais que investem em Ethereum através de ETFs e suas exposições em percentual. À direita, os investidores institucionais com maior exposição ao ETH através de ETFs. Imagem: Bitwise.
Mas julgando o cenário todo, não é loucura dizer também que o Ethereum tem um papel relativamente maior entre investidores “menores” e mais flexíveis do que o Bitcoin.
Vamos aos números: absolutamente, RIAs e fundos de hedge têm cerca de US$ 2 bilhões e US$ 1,74 bilhão de exposição em ETH através de ETFs spot, respectivamente.
Somando isso aos valores de Bitcoin pra ter o total investido em cripto, a gente chega no seguinte: a proporção que RIAs dedicaram ao ETH foi 5,8%, enquanto a proporção dos fundos de hedge é de 4,5%.
Por outro lado, a exposição a ETH dos family offices representa aproximadamente 25% do valor total alocado em cripto.
A leitura é mais ou menos assim: enquanto os investidores maiores preferem ir em um ativo de risco mais “consolidado”, os institucionais com porte menor preferiram aumentar o risco em busca de retornos maiores.
Deu certo? Não. Ethereum foi bazucado no primeiro trimestre, enquanto o Bitcoin foi só mais ou menos bazucado.
Dados bônus
Agora, vamos dar uma olhadinha rápida nas diferenças entre esses ETFs com base nas instituições que investiram.
A Millennium Management, com US$ 4,42 bilhões em participações em ETPs de Bitcoin, lidera a exposição em Bitcoin, seguida por Brevan Howard, Jane Street e Goldman Sachs.
No segmento de Ethereum, o Goldman Sachs lidera com US$ 477 milhões, seguido pela Jane Street com US$ 450 milhões e pela Millennium Management com US$ 182 milhões.
Algumas instituições, como Jane Street, D.E. Shaw e Brevan Howard, aparecem em ambas as listas, indicando um envolvimento amplo com ETPs de criptoativos.
No entanto, diversas empresas, incluindo Elequin, HBK Investments, SG Americas Securities e Almitas Capital, estão representadas apenas entre os principais detentores de ETPs de Ethereum.
Capula Management e Horizon Kinetics mantêm posições relevantes em ETPs de Bitcoin, mas não aparecem entre os maiores detentores institucionais de Ethereum.
Essa divisão sugere que, embora grandes gestores de ativos e formadores de mercado estejam ativos em ambos os mercados, o Ethereum atrai um grupo mais distinto de instituições.
A análise confirma a dominância absoluta contínua do Bitcoin, mas também revela uma base de investidores mais diversificada e distribuída no mercado de ETPs de Ethereum.
Resumo da ópera
Não é segredo que, por enquanto, instituições gostam de Ethereum. E eu não me refiro à criptomoeda nativa da rede, o ETH, mas à infraestrutura blockchain.
No mercado de ativos do mundo real tokenizados (RWA, na sigla em inglês), o Ethereum domina 56,2% com mais de US$ 6,2 bilhões emitidos. É quase três vezes mais que a segunda rede mais usada, a zkSync Era, que domina 20% desse mercado. Os dados são da rwa.xyz .
No lado das stablecoins, que também são RWA, dados do DefiLlama apontam que Ethereum domina praticamente 52% do mercado.
Ainda que não seja um mercado totalmente ligado aos institucionais, essa grande participação do Ethereum no mercado de stablecoins motivou empresas como a Visa a usar a rede para ajudar bancos na tokenização de moedas fiduciárias.
Mesmo com essa predileção pelo Ethereum, o ETH não sobe. O lado positivo é que ainda há apetite institucional pelo ativo, pelo menos nos investidores de menor porte, o que já é alguma coisa.
O lado negativo é que isso pode não durar. Se o preço do ETH continuar deslizando como tem sido, pode ser que até os family offices reduzam a exposição. E aí sobra nada para os Vitalikos.
Pode descer da motoca.
Antes de terminar, gostaríamos de lembrar que o conteúdo discutido aqui é estritamente informativo e destinado a fomentar a discussão geral. Não deve ser interpretado como recomendação financeira, fiscal ou conselho de vida para qualquer indivíduo. Encorajamos fortemente que você faça sua própria pesquisa e consulte profissionais qualificados.
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